quarta-feira, 19 de maio de 2010
Web aberta é a maior rede social do mundo
Em seu website, o Facebook diz que "está dando às pessoas o poder de compartilhar e tornar o mundo mais aberto e conectado." Mas o mundo online fora do Facebook já é um lugar bastante aberto e conectado, muito obrigado. Páginas na web densamente interligadas, blogs, notícias e Tweets estão visíveis a qualquer um. Em vez de contribuir para esse mundo interconectado e aberto da web, a popularidade crescente do Facebook está sugando atenção, energia e postagens públicas da web.
Cada link encontrado na web, convidando um usuário a clicar e ir para outra página, é em essência uma recomendação da pessoa que criou a página, a postagem ou o Tweet. Ele diz: "tive o trabalho de inserir esse link porque acredito que vale a pena dar uma olhada."
Essas recomendações são visíveis às ferramentas de busca, que fazem muito mais do que apenas contar quantas recomendações apontam para isso ou aquilo. As ferramentas de busca rastreiam quem colocou um link para o autor da recomendação, quem colocou um link para quem recomendou o autor da recomendação, e assim por diante. São necessários muitos cálculos para produzir palpites fundamentados sobre quais recomendações têm maior probabilidade de levar às fontes mais bem informadas e colocá-las no topo da página de resultados.
Não é preciso "adicionar como amigo" para ganhar acesso à informação; nenhuma companhia tem a propriedade exclusiva das interconexões.
O tamanho da web aberta - construída sem a ajuda do Facebook - é difícil de ser mensurado. Em 2008, a Google anunciou que sua ferramenta de busca havia coletado e organizado material de um trilhão de URLs únicas, ou endereços da web.
"A beleza da web é que ela é aberta, e qualquer um pode pesquisar informações nela", disse Matt Cutts, engenheiro de software da Google. Mas o Facebook não permite que o Google tenha acesso à maioria das categorias de informação colocadas no site, diz Cutts, acrescentando que "o Google só consegue saber daquilo que pode procurar."
Susan Herring, professora de ciência da informação da Universidade de Indiana, vê a questão da seguinte forma: "As estatísticas apontam para uma ascensão do Facebook, um declínio do blog e, antes disso, um declínio das páginas pessoais na web". A tendência é clara, ela disse - o Facebook está desbancando essas outras formas de publicação online.
Barry Schnitt, um porta-voz do Facebook, disse que sua companhia fornece ao Google acesso aos perfis públicos de seus membros e atualizações de status das páginas públicas do Facebook, anteriormente chamadas de "páginas de fã". Ele disse que a companhia também anunciou planos de trabalhar com a Microsoft na ferramenta de busca Bing, dando condições para que a mesma publique atualizações de status de membros específicos cuja permissão de privacidade esteja configurada para a visualização das informações a "todos".
O modelo Facebook de organização da informação envolve uma mistura de informação pessoal, informação impessoal potencialmente útil e informação cujo teor pessoal e a utilidade ficam no meio termo. É uma trama criada pelas origens do Facebook como servidor de uma rede claramente dedicada a mensagens não-públicas entre estudantes universitários.
O desejo atual da companhia de ajudar "o mundo" - um objetivo que não era mencionado na página "Sobre" há dois anos - levou a mesma a impor aos membros uma sucessão interminável de mudanças em sua política de privacidade.
As pessoas muitas vezes falam sobre os dois sites de rede social líderes como se eles fossem uma única entidade: FacebookeTwitter. Mas eles são fundamentalmente diferentes.
O Facebook começou como um modelo fechado apenas de amigos, e hoje passou a ser um híbrido público-privado, redefinindo as configurações de privacidade padrão dos membros. Em contraste, a maioria dos usuários do Twitter usa o serviço para se dirigir ao público geral.
O Facebook redefiniu a maneira pela qual seus usuários obtêm informação.
"A informação está deixando de ser um endereço que buscamos na internet", disse Anthony J. Rotolo, professor assistente de prática da Escola de Estudos da Informação da Universidade de Syracuse. "Ao invés disso, esperamos que a informação venha a nós por um fluxo social".
No fluxo do Facebook, os amigos, não as ferramentas de busca, são as fontes confiáveis. "O fato de uma pessoa pertencer à sua rede social não faz dela uma boa fonte", Rotolo diz. "Mas existe a inclinação natural de presumir que uma pessoa possua informação confiável porque é uma interação de pessoa com pessoa."
É isso que Herring chama de "modelo de recomendações¿ para a obtenção de informação. E ela acredita que isso esteja substituindo o modelo de ferramenta de busca. Ela aponta para a recente introdução do botão "Curtir" do Facebook em websites, que permite que o Facebook registre recomendações desses sites entre os amigos da pessoa.
O registro de quem clica no botão "Curtir", no entanto, não é parte da web aberta; apenas do Facebook. A visibilidade pública dos "Curtir" dos usuários no Facebook depende das suas configurações de privacidade.
Defensores do fluxo de informação do Facebook argumentam que ele não desaloja a web aberta, mas meramente acrescenta uma nova camada de informação à mesma. Contudo, há um custo: mais tempo gasto em recomendações entre os amigos no Facebook significa menos tempo para contribuições similares em outros locais da web. Os membros agora passam mais de 500 bilhões de minutos por mês no Facebook, segundo dados da companhia.
Os links dentro do um trilhão de endereços da web encontrados no Google e dentro dos bilhões de Tweets que vieram a seguir formam um mundo na web incomparavelmente vasto de recomendações, fornecidas por outros humanos. Nesse sentido, a web aberta tem um forte argumento para afirmar que é muito mais "social" do que o Facebook.
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