Desde o surgimento dos primeiros portais de notícia na internet, a cobrança ou não pelo conteúdo disponibilizado sempre gerou polêmica. Ao longo do tempo, os internautas se acostumaram com a disponibilidade de acesso a serviços gratuitos, mas o cenário pode mudar em breve. (Participe da enquete sobre o tema)
Nesta semana, o presidente da News Corporation, Rupert Murdoch, anunciou que pretende bloquear o conteúdo de seus jornais, entre eles o Wall Street Journal, dos resultados de buscas do Google. Ele considera essa prática "parasitária", pois o Google obtém receita sem arcar com os custos.
O Brasil se inclui no debate. Grandes veículos de mídia como os grupos Estado, Folha e O Globo divulgaram que vão aderir à Declaração de Hamburgo, que trata do reconhecimento dos direitos de propriedade intelectual em textos jornalísticos produzidos em sites. Inclusive, a Folha e o Estado disponibilizaram na web seus jornais na integra em versão digital. Inicialmente, o conteúdo era gratuito, mas agora quem quiser acessá-lo terá que pagar por isso.
Roberto Civita, presidente do conselho de administração e diretor editorial do Grupo Abril, também saiu em defesa da cobrança pelo conteúdo jornalístico na internet. “Se conseguiram fazer com que as pessoas paguem por água engarrafada, porque nós não vamos conseguir que paguem por nosso conteúdo online?”, afirmou Civita em evento da Associação Nacional de Editores de Revistas.
Entretanto, a divergência é ponto a ser considerado. Para a consultora de mídia digital e professora de jornalismo da PUC, Pollyana Ferrari, esse tipo de serviço deve ser gratuito. “A decisão vai totalmente contra a razão da internet. Isso não vai dar certo, o público não vai querer gastar dinheiro com o conteúdo disponível atualmente na web”.
Além dos motivos financeiros, os conglomerados de mídia alegam que jornalismo de qualidade custa caro e que a publicidade não é fonte de renda suficiente para manter uma boa equipe de profissionais. Contudo, Pollyana afirma que há outras soluções para a crise: “Eles decidiram tomar a decisão mais fácil. Pegaram o conteúdo impresso, jogaram na internet e querem cobrar por isso. Mas, o que eles deveriam fazer é investir em conteúdos exclusivos para web e celular. O público quer novidade.”
Uma pesquisa realizada pela Boston Consulting Group revelou que 48% dos internautas norte-americanos consultados pagariam por notícias on-line. A porcentagem chega a 60% em países da Europa Ocidental.
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