segunda-feira, 19 de março de 2012

Artigo: quanto vale sua atualização de status?

Desde quando nossas vidas começaram a se tornar digital, algo que sempre permeou esta presença na web foi a atualização do nosso status. Este compartilhamento do estado emocional de um momento começou lá atrás, de maneira quase ingênua.

Quem não se lembra do MSN, em que era possível dizer para seus amigos qual música você estava ouvindo? Depois disso, o compartilhamento de status ganhou força e escala com um site até então desconhecido, o Twitter, com uma pergunta despretensiosa para a época: “O que você está fazendo?” Em 140 caracteres as pessoas passaram compartilhar seus desejos, cólera, sonhos e até seus sentimentos mais íntimos.

Com o avanço tecnológico e a disseminação dos smartphones, este fenômeno se potencializou. O estado de humor das pessoas passou a ser compartilhado em tempo real e o que não falta é ferramenta para isso: hoje você conta pelo Instagram, através de fotos, como está o happy hour da empresa; diz para o mundo que foi dar uma corridinha no parque através do Foursquare; mostra para as amigas o novo sapato que comprou com o Pinterest; revela para seus contatos profissionais o livro que está lendo através da sua conta do LinkedIn. Já percebeu quanta informação pessoal geramos para o mundo simplesmente através da nossa atualização de status?

As empresas já reconheceram o grande valor destas informações e se organizam para explorá-las da melhor maneira possível. Primeiro foi o Facebook, que chegou onde está, em partes, graças à sua linha do tempo, que é atualizada constantemente pelos seus usuários com informações do que estão fazendo, ou ainda do que gostam ou odeiam. A estratégia foi tão bem sucedida que a nova linha do tempo lançada pelo Facebook recentemente permite aos usuários compartilharem agora o que estão comendo, que filme estão vendo ou que viagem estão fazendo. Tudo em tempo real e de uma maneira mais organizada.

Se o Facebook estimula seus usuários a dividir um momento e no final oferece uma publicidade segmentada de acordo com o que foi compartilhado, existem empresas que estão indo mais longe. A Amazon investe em inteligência artificial e hoje é capaz de identificar em uma foto publicada nas redes sociais o seu estado de humor. Seus poderosos algoritmos fazem inferências sobre o estado emocional das pessoas e ofertam o produto mais adequado para o momento. Está triste? Que tal um kit de maquiagem para melhorar a autoestima?

Todo este universo de informação também começa a chamar atenção dos serviços de inteligência e segurança de alguns governos e passa a ser uma questão de Estado. O FBI, nos Estados Unidos, está à procura de uma ferramenta que espione as atualizações de redes sociais e blogs em busca de atividades que representem perigo ao país, como terrorismo e ações criminosas. Em breve suas atualizações com seu estado de espírito vão ser lidas pelo maior departamento de investigação do mundo.

Esta overdose de compartilhamento de informações pessoais na internet ainda parece prejudicar o estado emocional das pessoas. Um estudo recente conduzido por sociologistas da Utah Valley University, nos EUA, concluiu que quanto mais tempo uma pessoa passa no Facebook, mais ela tende acreditar que seus amigos possuem uma vida melhor e são mais felizes. Diante de tanta gente postando fotos e comentários dos seus “melhores momentos”, nada mais natural achar que sua vida é medíocre.

Compartilhar faz parte da natureza humana e quanto mais social a internet fica, mais informação pessoal será disponibilizada na rede. Para as empresas, existe o desafio de explorar a “economia da atualização de status” e criar produtos que agreguem valor para as pessoas. Já para os usuários o desafio é outro: até que ponto me interessa saber o que um amigo almoçou hoje?
  
Leandro Ramos, sócio-fundador do Indike, comenta sobre o desafio de explorar a “economia da atualização de status”

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