A discussão faz sentido, pois os dois posicionamentos têm formas diferentes de gerar receitas, expectativas e experiências de uso.
Historicamente, se você se posiciona como uma utilitário de comunicação gera receita por meio de “serviços adicionais”. É meio difícil imaginar um anúncio entrando no meio de uma ligação telefônica, por exemplo.
Por outro lado, se você se coloca como uma plataforma de conteúdo gera receita por meio de publicidade ou assinaturas.
Essa discussão sobre os dois posicionamentos é antiga na web. Lembra o tempo em que diversos teóricos criticavam as empresas de mídia por tratarem a internet apenas como uma plataforma de distribuição de conteúdo?
Por trás do conflito NewsCorp vs MySpace existia esse dilema. Para os criadores do MySpace, o grande lance da plataforma de rede social era permitir a comunicação simples e direta entre músicos, gravadoras e fãs. Para o conglomerado de mídia, a rede social era muito mais uma plataforma de conteúdo do que um utilitário de comunicação. As pessoas estavam lá apenas para ouvir música. O MySpace era uma empresa de conteúdo.
Apesar de pesquisas indicarem que, primeiramente, as pessoas utilizam as plataformas de redes sociais como utilitários de comunicação, nada impede que um Twitter e um Facebook seja, ao mesmo tempo, uma plataforma de distribuição de conteúdo e um utilitário de comunicação.
É um caminho difícil, mas não impossível. Empresas de TV a cabo têm essa simbiose faz tempo. Com uma mão distribuem/entregam conteúdo (TV). Com a outra, fornecem utilitário de comunicação (telefone).
Por isso não faz muito sentido um estudo recente do Pew Research Center’s Project for Excellence in Journalism, que indica que as grandes empresas de mídia não usam o Twitter da “forma correta”.
Segundo a pesquisa, a maioria das empresas utiliza o Twitter como um RSS, apenas para distribuir conteúdo.
Não existe nada de incorreto em usar o Twitter para distribuir conteúdo. O desperdício é usá-lo somente para isso. A rede de microblogs pode ser usada como plataforma de distribuição de conteúdo e, ao mesmo tempo, como utilitário de comunicação, igual a um “telefone” de contato da empresa com os usuários.
Esse embate plataformas de distribuição de conteúdo vs utilitários de comunicação vai e volta na web.
Quando ele ocorrer, sempre é preciso levar em conta que a internet é uma das poucas plataformas atuais que combina distribuição de conteúdo e serviços de comunicação, o que significa que, teoricamente, diversos modelos de negócios e experiências de uso podem conviver no mesmo ambiente.
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